Pedro Sobral, o homem que "fará muita falta ao setor" dos livros
- 22/12/2024
O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), Pedro Sobral, morreu este sábado, aos 51 anos, na sequência de um atropelamento na Avenida da Índia, Lisboa, onde circulava de bicicleta.
Foi o grupo Leya que confirmou a identidade da vítima, após a notícia de que que um ciclista tinha sido atropelado mortalmente junto à Cordoaria Nacional. O condutor condutor pôs-se em fuga de seguida, apresentando-se às autoridades horas depois, acompanhado por um advogado.
As reações à tragédia multiplicaram-se. Desde logo, o próprio grupo Leya, do qual Pedro Sobral era administrador, referiu que esta é uma perda com "danos inultrapassáveis" não apenas para todos os que trabalharam de perto com ele, mas também para aqueles que estão ligados ao setor do livro, nomeadamente editores, escritores, livreiros e leitores.
O próprio Presidente da República lamentou a morte de Pedro Sobral "em condições trágicas" e considerou que o presidente da APEL "fará muita falta ao setor" dos livros e da cultura.
Foi com grande choque que o Presidente da República tomou conhecimento do falecimento de Pedro Sobral, esta manhã em Lisboa, em condições trágicas", refere uma nota divulgada no 'site' da Presidência da República.
A ministra da Cultura manifestou "profundo pesar" pela morte do presidente da APEL, afirmando-se "chocada pela inesperada morte" de Pedro Sobral e lembrando-o pelo "espírito crítico e empreendedor" e pelo percurso dedicado aos livros e à leitura.
Reconhecido quer pelo seu espírito crítico e empreendedor, quer pela sua dinâmica aberta ao diálogo, no mercado editorial e livreiro, Pedro Sobral será lembrado pelo seu percurso dedicado aos livros e à importância dos hábitos de leitura no nosso país", lê-se na mensagem assinada pela ministra, que apresenta ainda "sentidas condolências" a familiares e amigos.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas lembrou o trabalho próximo de Pedro Sobral com o município na organização da Feira do Livro, lamentando "a triste notícia" do acidente.
"O acidente que vitimou hoje Pedro Sobral deixa-nos a todos em choque e com uma profunda tristeza. Era muito jovem, dinâmico e empreendedor, mas sobretudo um amigo que não esquecerei. Dedicava-se profundamente a aumentar os públicos e o prazer e os hábitos de leitura. Apresentou-nos uma nova forma de trabalhar o setor e, com base em estudos e abordagens inovadoras, desenhava uma estratégia assente no trabalho em conjunto para criar mudanças significativas e estruturais no setor do livro", lê-se em comunicado.
Editoras literárias também lamentaram a morte do presidente da Associação Portugusa de Editores e Livreiros, recordando o seu "papel timoneiro na defesa do livro" e de todos os profissionais do setor.
Recordando que o presidente da APEL "dedicou grande parte da sua carreira ao setor livreiro", o Grupo Porto Editora destaca, em comunicado, que nos últimos anos Pedro Sobral "assumiu um papel timoneiro na defesa do livro, dos editores, dos autores, dos livreiros e de todos os profissionais da área da edição literária em Portugal".
Também o Grupo BertrandCírculo recorda o "papel de liderança incontornável na defesa do livro, dos editores, dos autores, dos livreiros, e de todos os profissionais ligados à edição em Portugal", assumido nos últimos anos por Pedro Sobral.
O grupo editorial Penguin Random House lembra Pedro Sobral como um "férreo defensor do valor e do poder dos livros e uma das figuras mais dinâmicas e vibrantes do mundo editorial português, capaz de um entusiasmo sem fronteiras, alimentado pela crença inabalável na importância vital da leitura".
A Guerra e Paz Editores está "de luto", pela morte de "um grande defensor" do livro, e a Tinta da China considera que "o mundo dos livros em Portugal fica sem dúvida mais pobre".
Administrador das Edições Gerais do Grupo LeYa, Pedro Sobral foi nomeado em 2021 presidente da APEL, cargo que ocupava até ao presente, depois de três anos como vice-presidente.
Pedro Sobral era licenciado em Economia e em Ciência Política pela Universidade Católica de Lisboa, tendo frequentado o Programa de Gestão Geral na Harvard Business School, nos Estados Unidos.
Com um percurso inicial na área financeira e de consultoria, foi nomeado, em 2004, diretor de Marketing e Vendas no Grupo Almedina.
Em 2008, entrou no Grupo LEYA, como diretor de Marketing e Conteúdo Digital, mais tarde como coordenador da Divisão Editorial e, por fim, administrador das Edições Gerais do grupo.
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