Sabotagem de infraestruturas críticas é "exemplo" de ataques russos à UE
- 22/01/2025
"Qualquer dano nas infraestruturas críticas é muito grave para a transmissão de dados, gás e eletricidade. Isto cria mais tensão geopolítica e é um sinal claro dos ataques da Rússia à União Europeia", apontou Henna Virkkunen, num debate no Parlamento Europeu sobre estes incidentes.
Virkkunen recordou que o último "incidente grave" ocorreu no dia de Natal e afetou cabos de transmissão de eletricidade entre a Finlândia e a Estónia, bem como outros cabos de dados submarinos.
"O ataque aos cabos de dados submarinos não tem um impacto muito grave nestas telecomunicações, mas tem repercussões graves para a região (Báltica) em causa e para a União Europeia no seu todo", apontou a vice-presidente.
A política finlandesa sublinhou que tais ações "podem causar graves danos, o que seria muito significativo para a segurança ambiental e marítima na União Europeia".
Henna Virkkunen apelou ainda a "uma ação conjunta, combinando uma resposta civil e militar".
A este propósito, recordou que a declaração conjunta dos Estados Bálticos, em 14 de janeiro, na cimeira dos países desta região que também pertencem à NATO, mostra "uma posição firme de todos estes estados para agir".
"Precisamos de nos preparar para o pior cenário e criar uma abordagem apropriada", acrescentou.
A vice-presidente da Comissão Europeia garantiu que a UE dispõe de um vasto conjunto de instrumentos para proporcionar estabilidade às sociedades europeias e dispõe de ferramentas de prevenção e preparação contra tais incidentes, como a diretiva sobre cibersegurança, e instou os Estados-Membros a implementá-los "o mais rapidamente possível".
Virkkunen referiu-se ainda às sanções europeias contra a Rússia, que estão agora no seu décimo quinto pacote desde a invasão em larga escala da Ucrânia por Moscovo, há quase três anos, e que na sua última ronda se concentraram especialmente na chamada frota fantasma russa.
A finlandesa considerou que os 27 Estados-membros devem atuar em conjunto com a NATO, que é "um ator essencial" para a dissuasão em alto mar.
Henna Virkkunen garantiu que a Comissão Europeia está disposta a "fazer mais e a agir melhor nas atividades de deteção precoce, bem como na recuperação da capacidade", anunciando que está a trabalhar para identificar ações concretas que possam melhorar estruturalmente a resiliência e a segurança dos cabos submarinos.
Já o ministro dos Assuntos Europeus polaco, Adam Szlapka, cujo país ocupa a presidência rotativa do Conselho da UE, também sublinhou no seu discurso ao Parlamento Europeu que se verificou recentemente "um aumento preocupante das atividades híbridas atribuídas ou ligadas à Rússia", citando "a exploração de migrantes, a sabotagem, os incêndios, os ataques a sistemas de satélite", bem como "ataques a indivíduos, ataques cibernéticos e desinformação".
"Todas estas ações visam atacar a nossa democracia e a nossa segurança, bem como a coesão das nossas sociedades, do Estado e do Estado de direito", alertou.
Adam Szlapka destacou, em concreto, a frota clandestina russa, alertando que "não só alimenta a máquina de guerra da Rússia contra a Ucrânia, ao fazer subir os preços do petróleo, como também põe em risco a segurança da União Europeia e do mundo em geral".
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